Riscos da Má Alimentação para as Crianças

Se é ruim para os adultos imagina para as crianças

Menino à mesa com refrigerantes e frituras

Preste mais atenção no que seus filhos comem

A alimentação desempenha um papel central na saúde e no desenvolvimento das crianças. Durante a infância, o corpo está em constante crescimento, e a nutrição adequada é essencial para garantir o desenvolvimento físico, cognitivo e emocional. No entanto, muitos pais subestimam as consequências de uma alimentação inadequada durante essa fase da vida. A verdade é que, enquanto uma má alimentação é prejudicial para os adultos, para as crianças pode ser devastadora.

Impacto no Desenvolvimento Físico

Um dos primeiros efeitos visíveis da má alimentação nas crianças é o impacto direto no crescimento físico. Uma dieta pobre em nutrientes essenciais, como proteínas, ferro, cálcio e vitaminas, pode levar a problemas como atraso no crescimento, baixa estatura e fraqueza muscular. A carência desses nutrientes compromete o desenvolvimento ósseo e o fortalecimento do sistema imunológico, tornando as crianças mais vulneráveis a doenças.

De acordo com o Ministério da Saúde, a desnutrição crônica afeta diretamente o desenvolvimento físico e pode deixar sequelas irreversíveis no crescimento infantil (Brasil, 2022). Por outro lado, o excesso de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar, gorduras saturadas e sódio, pode contribuir para o aumento dos casos de obesidade infantil no Brasil, que segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), já atinge cerca de 13,2% das crianças menores de 5 anos no país (OPAS, 2021).

Criança dormindo debruçada sobre a carteira da escola

Prejuízos Cognitivos e Emocionais

A alimentação não afeta apenas o corpo, mas também a mente. Diversos estudos mostram que crianças que não recebem os nutrientes adequados têm desempenho escolar abaixo do esperado, apresentando dificuldades de concentração, memória e aprendizado. Isso ocorre porque o cérebro, durante a infância, está em pleno desenvolvimento e depende de uma nutrição balanceada para funcionar de maneira ideal.

Crianças que consomem excessivamente alimentos ricos em açúcar, como refrigerantes e doces, podem apresentar alterações de humor, irritabilidade e dificuldade para se concentrar nas atividades escolares. Segundo a nutricionista brasileira Sophie Deram, autora de “O Peso das Dietas” (2014), o consumo elevado de açúcar está diretamente relacionado ao comportamento agitado e à falta de atenção nas crianças.

Além disso, uma alimentação desbalanceada pode estar associada ao desenvolvimento de distúrbios emocionais, como ansiedade e depressão. Uma dieta pobre em nutrientes, especialmente em ácidos graxos ômega-3 e vitaminas do complexo B, pode prejudicar a produção de neurotransmissores responsáveis pela regulação do humor e do comportamento.

Menina distraída

Risco de Doenças Crônicas no Futuro

A infância é uma fase crucial para a formação de hábitos alimentares que irão acompanhar o indivíduo por toda a vida. Crianças que crescem com uma alimentação rica em ultraprocessados e pobre em alimentos frescos têm maiores chances de desenvolver doenças crônicas não transmissíveis na vida adulta, como diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares.

Um dado preocupante do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI), realizado pela Fiocruz, aponta que o consumo de alimentos ultraprocessados entre crianças brasileiras de 6 meses a 5 anos está diretamente relacionado ao aumento dos casos de obesidade e dislipidemia (aumento de colesterol ruim) já na infância (ENANI, 2020). Essas condições, se não forem tratadas, aumentam o risco de complicações graves na idade adulta.

Além disso, uma alimentação inadequada na infância pode contribuir para o desenvolvimento de resistência à insulina e problemas metabólicos, condições que já têm sido diagnosticadas em crianças brasileiras com menos de 10 anos de idade, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Menino deitado adoentado com medicamentos ao lado

Consequências a Longo Prazo

Os efeitos da má alimentação infantil não se restringem à infância. Crianças que não recebem a nutrição adequada estão mais propensas a levar hábitos alimentares não saudáveis para a adolescência e a vida adulta. Isso perpetua o ciclo de má alimentação, aumentando o risco de problemas de saúde graves no futuro.

Segundo o pediatra e nutrólogo José Martins Filho, autor do livro “Seu Filho em Forma: do Leite ao Bife” (2011), os primeiros anos de vida são fundamentais para a formação de hábitos alimentares saudáveis. Ele reforça que é responsabilidade dos pais e responsáveis garantir uma alimentação equilibrada e variada para as crianças, evitando o consumo exagerado de fast food e alimentos industrializados.

A Importância de Intervir Desde Cedo

Se a má alimentação já traz sérios riscos para os adultos, para as crianças esses impactos são ainda maiores e podem ser irreversíveis. Uma nutrição equilibrada durante a infância é essencial não apenas para o crescimento saudável, mas também para o desenvolvimento intelectual e emocional, além de prevenir doenças futuras.

Os pais devem estar atentos e buscar informações sobre como oferecer uma alimentação balanceada e nutritiva para seus filhos. Uma boa alimentação na infância é o primeiro passo para garantir um futuro mais saudável. Afinal, os hábitos alimentares adquiridos nos primeiros anos de vida são levados para a vida adulta.

Mãe e filhos na cozinha escolhendo alimentos saudáveis

Referências:

  • Brasil. Ministério da Saúde. Alimentação e Nutrição: Desnutrição e Deficiências Nutricionais. Disponível em: www.saude.gov.br. Acesso em: 20 set. 2024.
  • OPAS. Organização Pan-Americana da Saúde. Obesidade infantil no Brasil. Disponível em: www.paho.org. Acesso em: 20 set. 2024.
  • Deram, S. O Peso das Dietas. Editora Sextante, 2014.
  • Fiocruz. Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI). Disponível em: www.enani.fiocruz.br. Acesso em: 20 set. 2024.

Filho, J. M. Seu Filho em Forma: do Leite ao Bife. Editora Contexto, 2011.